Travessia
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Lucifer
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A Maldita da Descrição Empty A Maldita da Descrição

Sex 21 Fev 2020, 22:45
Oi, não sei vocês, mas o que sempre trava muito a minha escrita é ter que descrever qualquer coisa. Então sempre que eu entro na parte de worldbuilding, biografia ou até mesmo descrição de local eu fico parecendo um robô narrando as coisas e perco toda a poesia ao escrever. O que é até curioso porque essa é uma coisa que me incomoda, por exemplo, na maioria dos escritores de fantasia e/ou ficção científica mais antigos/considerados clássicos: sinto que a escrita deles em geral sofre em favor deles deixarem o mundo em que estão criando mais claro.

Ultimamente, a escritora que eu acho que faz um balanço legal entre explanação/narração é a Margaret Atwood no Conto da Aia, onde eu consigo apreciar tanto a escrita quanto o universo em igual medida. Dito isso, eu não acho que a narração dela é o que temos como padrão para livros de fantasia ou FC.

Vou tentar abranger nesse tópico um pouco mais de gêneros (dá pra usar a mesma explicação para romances policiais, por exemplo, ou todo aquele tipo de ficção em que a história em si é sempre mais dominante que os outros elementos), então minhas questões para serem discutidas num geral são:

a) Como vocês, enquanto autores, lidam com o balanço entre escrita x descrição de universo
b) Exemplos de escritores que vocês acham que fazem esse balanço bem vs. aqueles dos quais vocês acham que favorecem uma coisa e pecam na outra.
c) E a famosa discussão do descrição de mundo x descrição de psicológico dos personagens: quais vocês preferem e quais os prós e contras de cada um.
cecinne
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A Maldita da Descrição Empty Re: A Maldita da Descrição

Sex 21 Fev 2020, 23:24
Eu gosto de como Philip Pullmann (Fronteiras do Universo) faz. Ele introduz o universo ao redor de Lyra, em vez de simplesmente descrever de maneira objetiva os pormenores.

Pessoalmente, eu prefiro o psicológico e eu não gosto de descrições extremamente detalhadas, então eu durmo com Senhor dos Anéis. Por outro lado, eu sinto que Hunger Games, por exemplo, podia ter descrito mais do universo ao redor.

Para mim, o truque sempre foi: imagine o universo, construa ele e imagine o dia a dia de uma pessoa ali, do café da manhã até o lanche da madrugada. As coisas banais. Como ela se move pela cidade? Quais são as comidas principais? Esse tipo de coisa.

Então, seu personagem tem que viver ali. Não fazer um personagem para mostrar seu mundo, mas um personagem para viver nele.

(onde eu meto itálico bonito que eu sei que tem nesse fórum)
lobisomem
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A Maldita da Descrição Empty Re: A Maldita da Descrição

Sáb 22 Fev 2020, 10:24
Gostei das dicas que @cecinne escreveu.

Da última vez que eu escrevi uma história que precisava de uma descrição de mundo, eu coloquei a famosa descrição introdutória e só depois apresentei os personagens. Não é um modo eficiente, mas funciona em histórias curtas, quando não se tem muito tempo para descrever o dia-a-dia dos personagens. Recentemente até no psicológico eu tenho errado um pouco.

Também acho o Pullman um bom exemplo de escritor que balanceia bem descrição x narração. Outro exemplo que eu acho legal é o Joe Hill (Estrada da Noite, Nosferatu), embora no caso de Nosferatu ele tenha deixado uma coisa ou outra no ar. No caso de Hill, o que ele faz é escrever como se tudo fosse plausível no mundo fora da obra dele, então dá um ar de realismo fantástico mesmo que seja fantasia-fantasia (ou horror-horror).

A impressão que eu tenho quando leio Hill é que eu fui dormir e acordei num mundo diferente onde ninguém questiona acontecimentos estranhos. Na minha opinião, esse tipo de imersão é boa a depender do gênero que você escreve, porque causa estranhamento no leitor.
roxette
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A Maldita da Descrição Empty Re: A Maldita da Descrição

Sáb 22 Fev 2020, 10:25
eu não tenho preferência porque acabo gostando muito de ambos, se estiverem escritos de um jeito que eu ache cativante. no final, acho que é questão de equilíbrio: não ter descrição a mais nem a menos.

pessoalmente, amo as descrições da richelle mead, cassandra clare também tem evoluído nesse quesito de livro para livros, jane austen muito boa a criar ambientes, etc.
exemplos de livros: wuthering heights, deathless e the raven cycle. são todos livros com cenários mais dark, porém, muito envolvente e do tipo que suga para a história. meu tipo favorito de descrição sempre acaba sendo esse, de cenários, e em particular cenários mais eerie.
inclusive, stephenie meyer é outra que faz descrições que eu gosto, em especial no the host que é 80% descrição da viagem/deserto e essas foram minhas partes favoritas.

não sei ainda se me é fácil fazer descrição ou não...pensando bem, a menos que eu pessoalmente seja muito apaixonada pelo cenário, fica mais difícil descrever. cidades são a morte para mim. também tenho dificuldade com descrição de roupas.

enfim, acho que a gente chega lá e se não chegar há uma panóplia que autores que não focam na descrição e, tudo bem, porque é o estilo deles.



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